A revolução do trabalho remoto trouxe mudanças na forma de consumir e, até, de morar. As empresas buscam se adaptar a esse novo cenário, em que os profissionais preferem mais qualidade de vida e bem-estar. Entenda.

Engana-se quem pensa que a pandemia trouxe mudanças temporárias para o mercado profissional. A revolução do trabalho remoto vai muito além — e elas já demonstram seus impactos em vários âmbitos.

Para ter uma ideia, o presidente do Federal Reserve (FED), ou Banco Central dos Estados Unidos, Jerome Powell, disse:

“Eu acho que sabemos que nós não vamos simplesmente voltar à economia que tínhamos antes da pandemia, mas levará um tempo para ver exatamente quais mudanças acontecerão. (…) Parece quase certo que haverá muito mais trabalho remoto no futuro. Isso mudará a natureza do trabalho e a forma como ele é feito”.

Essa é a opinião de apenas uma pessoa. Muitas outras concordam. É o que vamos mostrar ao longo deste texto. Afinal, a cultura do trabalho remoto já está presente nas principais cidades do mundo.

Um exemplo simples é o trabalho remoto na Holanda. O país é líder em relação a essas mudanças. Alguns motivos para isso são o acesso ampliado à internet de alta velocidade e a combinação de tecnologia, cultura e abordagem. O negócio é tão sério por lá que o IG Bank, de Amsterdã, testa uma política de férias ilimitadas para certo grupo de funcionários. A contrapartida é não haver prejuízos às atividades e resultados.

Ok, essa pode ser uma revolução do trabalho remoto muito radical para nós, brasileiros. Ainda assim, vale a pena conhecer o impacto que esse modelo de trabalho traz em todo o mundo. A partir disso, é possível copiar a experiência e ter uma ideia se esse é o modelo certo para o seu negócio.

A revolução do trabalho remoto já traz impactos para os municípios

Ao longo de 2020 e 2021, muito se falou sobre as mudanças que a pandemia trouxe. Aumento da produção de lixo doméstico, diminuição do trânsito em grandes cidades, aumento dos preços e da inflação e opção por morar em lugares mais afastados e em residências com ambientes amplos e jardins foram alguns dos aspectos analisados.

No entanto, as modificações ficaram ainda mais evidentes no âmbito corporativo. Para começar, os centros das cidades deixaram de ser tão atrativos. Com a economia baseada no conhecimento e foco no trabalho remoto, a opção por bairros mais afastados e tranquilos se tornou imperativo. Isso também gerou uma diminuição no uso do transporte público. Somente na cidade de São Paulo, a redução no total de passageiros chegou a 62%.

Boa parte da população também optou por voltar ao interior — outro efeito do trabalho remoto. Nos últimos 20 anos, a economia dos municípios com até 500 mil habitantes aumentou 598%. Já o aumento da migração de pessoas chegou a 17,5%.

Traduzindo em números, a variação no Produto Interno Bruto (PIB) das cidades foi de R$ 578,5 bilhões em 2000 para R$ 2,02 trilhões em 2010 e R$ 4,04 trilhões em 2020. Por sua vez, a população foi de R$ 122,7 milhões em 2000 para R$ 134,9 milhões em 2010 e R$ 144,2 milhões em 2020. Isso significa que dois em cada três brasileiros moram em cidades pequenas ou médias. Portanto, fica claro que há um desenvolvimento maior para esses municípios.

A produtividade também é impactada

Um estudo do Instituto Tecnológico Autónomo de México mostrou que o trabalho flexível aumenta a produtividade. Apenas um dia da semana fora do escritório gera um crescimento de 4,8%, segundo matéria da Bloomberg. Entre os fatores que geram esse resultado está a redução do tempo de deslocamento.

Além disso, um estudo conduzido em 2013 e apresentado na mesma matéria da Bloomberg mostrou que trabalhar de forma remota aumenta a produtividade em 13%. Na época, o levantamento foi conduzido por Nicholas Bloom, da Universidade de Stanford.

Outra pesquisa sinalizou que boa parte das pessoas se considera mais produtiva ao trabalhar de forma remota. Cumprindo as regras da lei brasileira sobre home office, esses profissionais ainda preferem ficar fora do escritório. A proporção é a seguinte:

  • Menos de 5% voltariam ao trabalho 100% presencial;
  • Mais de 30% querem trabalhar 3 dias a distância;
  • Quase 25% gostariam de ficar de forma totalmente remota.

O que essa revolução do trabalho remoto gera para os países em termos de produtividade? O primeiro aspecto é uma atenção maior ao trabalho remoto. Especialmente, no caso das nações com economias estagnadas. Esse é o caso do Reino Unido. Em 2019, seu fator de produtividade total estava 15% abaixo de sua tendência normal. Os motivos eram o Brexit, o envelhecimento da população e a pandemia.

Diante desse cenário, o ex-conselheiro do governo do Reino Unido, Giles Wilkes, disse que a produtividade impulsiona a inovação devido aos usos mais eficientes da propriedade e à capacidade de entregar produtos em lugares diferentes, entre outros. Ele ainda ressaltou:

“o trabalho híbrido representa uma mudança nos padrões de demanda e oferta de uma forma que impulsiona a economia”.

Essas características também são adotadas por empresas gigantes. Por exemplo, o tradicional banco Morgan Stanley vai adotar o modelo híbrido, segundo seu CEO, James Gorman. Portanto, essas grandes organizações estão vivendo uma nova forma de trabalho.

Outras consequências do trabalho remoto

Os diferentes setores da economia tendem a estabelecer o trabalho remoto ou híbrido após a pandemia. A Bloomberg apresentou os seguintes dados:

  • Manufatura: 24,5%;
  • Construção: 23%;
  • Outros setores de serviços privados: 36,2%;
  • Serviços de conhecimento intensivos: 69,6%.

Esse cenário deve levar a uma queda nos gastos anuais dos consumidores, quando comparado aos níveis pré-pandêmicos. Para ter uma ideia, somente Manhattan, em Nova York, teria uma redução de 13%. Isso faz com que muitas pessoas sejam afetadas em um primeiro momento. No entanto, a situação trará benefícios no longo prazo.

Além disso, as expectativas são positivas. Os colaboradores precisarão estimular sua criatividade, autonomia e produtividade. Eles também passam a ter possibilidade de trabalharem de qualquer lugar, tendo a chance de se mudarem para o interior ou até mesmo para outro país em busca de qualidade de vida.

Por isso, ter um escritório em São Paulo, por exemplo, pode fazer menos sentido atualmente. Afinal, é possível ter uma estrutura mais enxuta e contratar pessoas de qualquer lugar. Dessa forma, o futuro do trabalho é remoto e flexível, pelo menos, é o que parece.

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